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Como enxergaram as ruas os olhos recém abertos

O ano é 2018, Jair Bolsonaro é eleito o Presidente da República com 55% dos votos. 

Ódio e bravatas formaram seu discurso desde o início da campanha. 

Medo.

Choro.

Estragos.

Tomamos consciência do abismo em que estamos caindo.

Decidimos não ver. 

Hibernamos deixando um bilhete na porta: “avisem quando estiver tudo bem.”


O ano é  2021 e o mundo enfrenta uma Pandemia. 

O Brasil continua afundado em um governo fascista, obscuro, negacionista e corrupto.

Seguimos dormindo, parece que em sono profundo, ainda de olhos fechados, esperando pelo resgate. 

Até que: 500 mil mortos!

Meio milhão de pares de olhos que não mais vão se abrir. 

Luto.

Saudades.

Enfim sopram os tais ventos desgarrados.

O que um dia fomos, nunca mais seremos. 

Mergulhamos no passado e mexendo com nossos medos mais profundos, saímos às ruas para denunciar o genocídio do governo e a crise humanitária e sanitária do país. 

Como quando recém abrimos os olhos depois de um longo período com eles fechados, no escuro, a realidade que se apresenta é turva, as imagens confusas, cenas sobrepostas. 

Arreios firme. 

Esfregamos os olhos e encaramos a realidade.

Alvoroço.

Só o povo salva o povo.

Tomamos as ruas e vamos escrever memórias, andando para frente e agora, porque só existe o que virá. 


“Olhos abertos, o longe é perto”



Esse trabalho é o registro de como enxergaram as ruas os olhos recém abertos.